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Courtesy of Luiza Crosman

Durante os próximos seis meses, durante a residência curatorial do Weird Economies, a artista brasileira e membro do conselho do projeto, Luiza Crosman propõe uma investigação sobre a intrincada relação entre a química atmosférica do nosso planeta e os emaranhados econômicos da globalização.

Emaranhados que recentemente puderam ser observados na COP28 (2023), sediada em Dubai e que teve como presidente o sultão Ahmed al Jaber, megaempresário dos combustíveis fósseis. O Brasil foi uma das principais presenças no evento, com o maior grupo entre as delegações participantes. Embora o país tenha apresentado resultados positivos em sua política de combate ao desmatamento na Amazônia (com uma queda DE 40% desde o início do mandato do governo Lula, em janeiro de 2023), seus posicionamentos ainda parecem repletos de contradições: logo antes do início da COP28, o Brasil aceitou o convite para fazer parte da OPEP+, sinalizando seu interesse em se tornar uma liderança na exportação de petróleo.

O Brasil também ocupa o centro de muitos outros debates relacionados ao clima, como os relativos a sistemas agrícolas e pecuaristas de larga escala, demarcação de territórios indígenas e transição energética. Além disso, o país vai sediar a COP30 (2025), na qual se espera que os participantes apresentem suas novas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas), os parâmetros e ações que cada país se compromete a realizar no combate à crise climática.

A partir desse cenário, o programa vai refletir sobre sistemas econômicos que lidam com ideias de manipulação atmosférica, tanto local quanto globalmente, como, por exemplo, através de tecnologias de geoengenharia, o setor de compensação de carbono, os discursos atuais sobre decrescimento, sistemas alimentares e a necessidade de descarbonizar a economia. Medidas que buscam encontrar uma melhor transmutação entre produtividade e mitigação, natureza e cultura, presente e futuro.

Por um lado, esses processos globais de transformação química se assemelham às antigas promessas alquímicas, tão sonhadas e almejadas, de transmutar metais comuns em ouro ou encontrar o elixir da imortalidade: uma tarefa impossível. Por outro, um conjunto complexo de ferramentas econômicas parece ser a uma forma possível e elementar para manipular partículas de carbono a fim de fazer com que nossa atmosfera saia do estado de crise atual e não ultrapasse o limite de 1.5ºC de superaquecimento. 

A proposta será apresentada em diferentes mídias, com atividades publicadas em nosso site on-line, e outras acontecendo em locais institucionais em São Paulo, Brasil.